quinta-feira, 4 de abril de 2013

Quero cheirar fumaça de óleo diesel, me embriagar até que alguém me esqueça


Eu costumo dizer que o ser humano não pode perder a capacidade de sonhar e de se indignar.

Atualmente, por dificuldade de lidar com a passagem do tempo, acho difícil sonhar.  Resta então indignar-me, e razões para tanto não faltam.

Diariamente vou de casa ao trabalho em meu carro, levando entre 30 e 60 minutos para percorrer um trajeto de oito ou nove quilômetros.  O mesmo ocorre na volta para casa.  Seria mais racional usar o metrô, que não fica longe, mas considero o serviço prestado de má qualidade - intervalos irregulares entre as composições, excesso de passageiros (especialmente no retorno para casa), panes frequentes.

No caminho, ouvindo as notícias, constato que o serviço do metrô não é tão ruim assim; o das barcas que fazem o trajeto entre Rio e Niterói é muito pior, idem o dos trens da Supervia.  Ao menos hoje não há registro de ônibus despencando de viaduto nem de estupro em van.

Sorria, você está na Cidade Maravilhosa.

Entre comentários sobre política e economia reflito sobre o quanto foi conveniente a ascenção do deputado Feliciano para o senador Renan Calheiros, esquecido pela mídia e pela massa, ofuscado pelo parlamentar cuja atuação pastoral pode ser apreciada em http://youtube.com/watch?v=zNO6VCX6KRE.  Achei fantástico o trecho em que ele ameaça "É a última vez que eu falo. Samuel de Souza doou o cartão mas não doou a senha.  Aí não vale. Depois vai pedir um milagre pra Deus, Deus não vai dar, vai falar que Deus é ruim."  Só faltaram as gargalhadas ao fundo.

Eleito deputado federal por São Paulo com duzentos e onze mil votos, pelo menos criatividade ele mostrou ao inventar a "sessão pública com entrada restrita" na Comissão de Direitos Humanos.

Ouvir o noticiário é importante, fiquei sabendo que brevmente será criada a Hidrobrás.  Não é água mineral, é mais uma empresa estatal - a quinta criada em dois anos do governo atual, o mesmo número de estatais criadas nos oito anos de governo do Presidente Inácio.  Chamou-me a atenção o nome de uma dessas empresas recém criadas: Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias S.A.  Alcunhada de "Segurobrás", apesar do nome pomposo nada mais é do que uma seguradora estatal.  Dizem que ela atuará principalmente nas grandes obras de infra estrutura.  Pena que só tenha sido criada agora, depois da interdição do Engenhão.

Isso tudo são detalhes, claro; o importante é criar empregos.

Não posso me distrair com as notícias e minhas reflexões, afinal estou dirigindo em meio a um engarrafamento monstro.  Mesmo com o sinal aberto, paro antes da faixa de pedestres para não fechar o cruzamento.  Parece que o rapaz no carro atrás do meu está com muita pressa, pois mesmo com os vidros fechados suas buzinadas soam estridentes.  O sinal fica vermelho para nós e os carros da via transversal não podem passar, pois o cruzamento está fechado.  Só eu e um outro "otário" paramos antes da faixa de pedestres, que se esgueiram por entre os veículos para atravessar a rua.  Quando o cruzamento enfim fica desimpedido, os veículos da rua transversal avançam o sinal vermelho.  Vendetta!

Em vários trechos a rua sofre um estreitamento devido a veículos estacionados em locais onde o estacionamento é proibido.  Vinte minutos depois verifico que esta era a causa do engarrafamento.  Sem surpresa, pois isso ocorre diariamente e continua a ocorrer dia após dia mais ou menos nos mesmos locais.  Ordem e progresso!

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